terça-feira, 30 de julho de 2013

PM NINJA

ZERO HORA 30 de julho de 2013 | N° 17507


Soldado vira celebridade após vídeo

Mais de 36 mil visualizações no YouTube e 17,6 mil compartilhamentos no Facebook transformaram o PM Juarez Padilha da Silveira, de Barros Cassal, no Vale do Rio Pardo, em celebridade. Mesmo de férias e fora da cidade, o soldado de 42 anos e 22 anos de profissão conta que nunca ouviu o celular tocar tanto como nos últimos dias, após o vídeo em que aparece fazendo movimentos com o cassetete para imobilizar um homem. Em conversa com ZH, ele diz que teve medo da repercussão na BM.

VANESSA KANNENBERG


ENTREVISTA - “Não se fala em outra coisa”

JUAREZ PADILHA DA SILVEIRA Soldado



Zero Hora – Qual foi a reação do senhor ao saber do vídeo?

Juarez Padilha – Quando uma colega me mostrou o vídeo fiquei surpreso, porque não sabia que alguém tinha filmado. Minha primeira reação foi ficar com medo, assustado, porque, como brigadiano, temos regras e podemos ser julgados se agirmos com excesso. Fiquei com medo do que a corporação fosse achar e pensei “vai dar problema”.

ZH – Mas pelo visto a repercussão foi positiva.

Padilha – Muito. A gente que mora no Interior não tem noção do tamanho que as coisas podem tomar. Só recebi elogios. E na cidade não se fala em outra coisa. Todo mundo me ligando e ligando também para os moradores de lá, querendo saber quem eu sou. Além disso, fiquei feliz que uma ação bem executada da Brigada fez sucesso, porque normalmente só repercute quando a situação é pejorativa.

ZH – E por que o senhor fez movimentos parecidos com um ninja?

Padilha – Eu aprendi isso num treinamento da Brigada e depois fiz aulas de taekwondo para aprimorar a técnica com o bastão. Faz mais de 10 anos, mas não tem como esquecer. Eu sempre prefiro usar o bastão do que a arma. Ainda mais em Barros Cassal, que a gente sabe quem é quem e muitas vezes não tem necessidade de ser agressivo.





terça-feira, 23 de julho de 2013

O PROVECTO ADORMECIDO


Agamenon Vladimir Silva




Uma reliquia histórica : O Provecto Adormecido no Museu da Brigada Militar. (85.01.001)



Trata-se de um canhão de campanha inglês – Whitworth, modelo 1863, de antecarga, raiado, calibre 4 libras(51mm), de aço fundido, também conhecido com o metal homogêneo, que tem sua alma de forma hexagonal, com doze faces, seis longas e seis estreitas. Na Inglaterra, em 1855, Sir Joseph Whitworth(1803-1887) requereu e obteve, em Manchester, o privilégio para construção de peças de artilharia com a alma poligonal em espiral, aproveitando o abandono da artilharia de alma lisa, que ocorreu no decênio de 1860-1870.

Muitas das vantagens dessa nova artilharia foram atribuídas ao uso dos projéteis alongados, ao contrário dos habituais esféricos, cujo novo formato aumentava consideravelmente o coeficiente balístico. O 2º Império do Brasil comprou a partir de 1863, uma certa quantidade de canhões Whitworth, fabricados entre 1863 e 1874(com exceção de duas) e que eram de antecarga(carregar pela boca). Estes tipos de peças tem a alma hexagonal, e foram fabricadas nos calibres 47mm, 51mm e 54mm(entre ângulos) e foram utilizados pelo exército e pela marinha na Guerra contra o Paraguai(Adler).

O canhão sob exame é um do tipo usado pelo 2º Regimento de Artilharia a Cavalo, a partir de 1872. Este tipo de canhão foi desativado na década de 1880, quando serviam no 4º Regimento de Artilharia a Cavalo, mas voltaram a ser usados na Revolução Federalista, como medida emergencial.(Adler)

Os projéteis disparados pelos canhões Whitworth, com o modelo 1863, de antecarga, raiado, com peso de quatro(4) libras (51mm) de calibre eram maciços, granadas explosivas, shrapnels(boxer) e as lanternetas. As cargas de projeção regulamentares para esse tipo de peça de campanha de quatro(4)libras são: carga de projeção máxima 230g(pólvora nacional marca”C”:carga ordinária padrão: 180g : carga explosiva da granada ordinária: 90g(pólvora nacional marca “A”, na falta, “F” . O maior alcance obtido com carga máxima de 230g de pólvora para projeção do projétil maciço era de 2.048m, com um ângulo de 8º, o que era considerado extraordinário na época, para “um canhãozinho tão pequeno...”

Para sua utilização no território brasileiro, com características muito diversas, o Arsenal da Corte, realizou uma alteração no reparo onde a peça(cano) era assentada, que originalmente era do sistema Scottt (Richard). Até aqui, os dados técnicos conhecidos.


Dados Históricos:

Sobre a utilização do canhão Whitworth, inglês, modelo 1863, de antecarga, raiado, calibre 4 libras(51mm), está registrado ter sido doado pelo Museu Júlio de Castilhos, em 09 de maio de 1985, para o acervo do Museu da Brigada Militar(85.01.001), com a informação de fôra utilizado na Revolução Federalista(1893-1895).

As características próprias dos combates em movimento exigiam o emprego de peças de artilharia leves, tracionadas geralmente por dois muares e que podiam ser mudadas de posição com rapidez e facilidade no acompanhamento dos combates travados pela infantaria.

Quando foram iniciadas as hostilidades no Estado do Paraná, o governo reforçou o parque de artilharia alí existente, atingindo um total de 21 canhões Krupp de 75mm TL. No decorrer dos combates até a queda da Lapa, todo o material enviado existente naquele Estado foi capturado pelas forças revolucionárias. Após os desastres de Paranaguá, Tijucas e Lapa, o governo do estado e o comando do 5º Distrito Militar entraram em pânico. Na artilharia legalista, antes do trágico desfecho dispunha , também, de dois(2) velhos canhões Whitworth de 4 libras e um(1)canhão La Hitte, que foram igualmente capturados quando da tomada da Lapa.

O Retorno:

Em 29 de abril de 1894, o General Federalista Gumercindo Saraiva reconheceu a impossibilidade de invadir o Estado de São Paulo, decidindo-se pelo retorno do Exército Revolucionário para o Rio Grande do Sul, levando consigo parte da artilharia( 8 canhões Krupp 75mm TL), que tinham sido capturados. Não tendo tempo a perder, dividiu suas forças em três colunas independentes e que deveriam fazer junção em Nonoai, no Estado do Rio Grande do Sul.

A 1ª coluna sob o comando de Aparício Saraiva e Torquatao Severo, se fazia acompanhar de uma bateria de artilharia de 3 canhões e 3 metralhadoras.

A 2ª coluna sob o comando de Juca Tigre e Vasco Amaro, com cerca de l.000 cavaleiros e uma bateria de 3 canhões e 3 metralhadoras.

A 3ª coluna sob o comando direto de Gumercindo Saraiva, era constituída de forças de infantaria, cavalaria e os feridos.

Após a primeira reunião das colunas de Gumercindo e Aparício em Campos Novos(Santa Catarina), em 26 de maio de 1894, os Federalista chegarão no Passo do Barracão, junto ao Rio Pelotas.((30 de maio de 1894).

Quanto a coluna de Juca Tigre e Vasco Amaro, que havia tomado o rumo do rio Iguaçu, perseguida intensamente, acabou deixando a artilharia para trás, dissolvendo-se e somente cerca de 300 integrantes conseguiram alcançar o Estado do Rio Grande do Sul.

Aparício Saraiva abandonou toda a artilharia remanescente, antes, desmontando-a e ocultando-a nas matas próximas ao Rio Pelotas.(3 canhões Krupp 75 mm TL e 3 metralhadoras.

O General Gumercindo Saraiva que havia a mais tempo afirmado, “que já deveria ter-se desvinculado deste trambolho... “ conseguiu unir-se a Prestes Guimarães nos campos de Lagoa Vermelha(24 de junho de 1894) sob o assédio das forças legalistas do General José Gomes Pinheiro Machado, um dos comandantes da Divisão Norte.

Mas que fim teriam levado os 3 canhões Whitworth de 4 libras ?

Nesse tempo, de P.Alegre, houve uma remessa, via Buenos Aires, de um esquadrão de artilharia para a Divisão do General legalista, Hipólito Ribeiro, então comandante da guarnição de Uruguaiana, composta de quatro(4) canhões Whitworth, de antecarga, raiados, de calibre 4 libras (51mm), que se juntaram aquelas outras 3 peças, sob o comando do Coronel Aparício Mariense da Silva e usados no combate de Inhanduí.

Qual o destino dos quatro (4) canhôes Whitworth que o Tenente José Maria Macalão, da Divisão Norte, usou para bombardear as tropas de Gumercindo Saraiva e Joca Tavares nas grotas do arroio Ihanduí? Não se sabe!

Na atualidade, preservado para a posteridade, sob os olhos dos curiosos, que ao vê-lo desconhecem a história dessa raridade silenciosa, que permanece na tradição da História do Rio Grande do Sul. Desconsiderada a hipótese um dos canhões ocultos ou perdidos pelos federalistas antes da travessia do Rio Pelotas, resta questionar o registro dos quatro(4) canhões remetidos de P.Alegre. Poderia ser um deles o Provecto Adormecido ? Esta peça de artilharia, símbolo do poder militar de uma época, com sua presença atemorizante, incorporou seu nome na História da Pátria e do Rio Grande do Sul, permanecendo desconhecida a identidade dos seus heroicos artilheiros. Daí, o desfecho e como diz o poeta Luiz Carlos nesse fragmento de “O Canhão”

‘Guardando a expressão de austera indiferença, por tudo que o circunda, atento no infinito, queda-se a meditar no destino maldito, que prende a sua glória a uma tragédia imensa!


Agamenon Vladimir Silva, em P.Alegre, 23 de julho de 2013.


FonteS consultadas:  Adler Homero Fonseca de Castro, Mestre em História, Curador do Museu Militar Conde Linhares(RJ).

Nomenclatura Explicada e Guia do Fogueteiro de Guerra, TC de Art. Dr. Antonio José de Amaral. Ed. 1879. RJ

Manual do Aprendiz-Aratilheiro, Cap.Art.Antonio F.Duarte, ed. 1880

Velhos Regimentos , Gen. Heitor Borges Fortes, Bibliex, 1964.

A Marcha da Divisão Norte, AlbinoJ.F.Coutinho, ed. 1896

Memórias, Gen. Setembrino de Carvalho, Liv. Globo, 1950.






quinta-feira, 18 de julho de 2013

O TENENTE INSTRUTOR E A GRANADA DE MÃO INDESMONTÁVEL




Agamenon Vladimir Silva


Acerca de 68 anos passados, a Revista Alvorada, órgão da Sociedade Acadêmica do Curso de Formação de Oficiais da Brigada Militar(dezembro de 1945), publicava inédito artigo de autoria do 2º Tenente Eugenio Nelson Ritzel. Alí era relatado que na qualidade de instrutor preocupava-se em bem definir os engenhos bélicos, cujo uso, funcionamento e efeitos, deveria dar conhecimento à tropa. Naquela época, a Brigada Militar adotara dois tipos de granadas de mão, onde no seu entender haviam controvérsias na sua classificação, e que eram de dois tipos: uma granada de mão ovóide, modelo francês de 1921 e uma granada de mão cilíndrica, de fabricação tchecoslovaca(Skoda),, tanto uma quanto a outra, ofensivas .

Ocorrer antes lembrar, que este tipo de artefato bélico já eram conhecidos a outros também de origem europeia, e que três esquadrões da BM, sob o comando do Major Antonio Mariante, em 9 de agosto de 1923, tinham desbaratado um grupo de revolucionários, chefiados por Francisco Vaz Ferreira( Chico Marinho) andavam assolando o litoral(Cidreira) do Estado. Do espólio recolhido após os combates foram recolhidos entre outros armamentos, seis granadas de mão, duas das quais não explosivas, que não foram identificadas,

Durante a Revolução de 1930 e também na de 1932, as forças da BM foram atacadas com granadas de mão de diversos tipos, nacionais (Paulista e Rossi) e também estrangeiras. Daí que o aumento da frequência de uso deste tipo de artefato(ofensivas e defensivas)no campo de batalha tornou-se imperativo esclarecer e instruir corretamente os infantes não só teórica mas na prática do lançamento e da eficácia deste tipo de armamento.

Na utilização da tropa da BM predominou sempre o espírito ofensivo, isto é, na guerra de movimento e na perseguição do adversário, que devido a isso, não se tem maiores informações sobre a utiliz ação de g ranadas de mão defensivas, próprias para defesa de uma posição intrincheirada. Preocupado em instruir e ensinar as precauções com as granadas de mão, e havendo os dois tipos ofensivos em carga, com rótulos de indesmontáveis, resolveu melhor estudar a sua desativação, posto que para retirar-se a carga, torna-la inerte, não bastava tão somente extrair o detonador, devia ser retirada a mecha(cordel de Bickford) e a cápsula, a partir daí não ofereceria mais perigo.

Assim foi o Tenente Ritzel prendeu uma granada de mão cilíndrica, ofensiva, modelo tchecolovaco(SKODA) 1921 em um torno-morsa, para desmontá-la, o que era terminantemente proibido visto ser muito perigosa essa operação, já que a granada de mão ofensiva já vinha montada e carregada de fábrica, pronta para o emprego imediato. O engenho foi serrado na linha de junção das duas calotas que compunham o envólucro, tendo a cautela de girá-la a medida que os dentes da serra fossem acusando terem alcançado a carga de trotil. A operação foi concluída com êxito, separando a duas calotas, revelando o todo o seu interior. O “mistério” da advertência sobre a impossibilidade da desmontagem era para resguardar o segredo da fabricação.

Já dizia o saudoso Coronel Juvêncio Maximiliano de Lemos, “que a História deve ser escrita depois de cinquenta anos dos acontecimentos”, que é o que agora faço, em reconhecimento daquele jovem tenente, que dessa forma cumpriu a finalidade a que se propusera, solitário, demonstrando coragem e competência, podendo, então, continuar no ensino agora, na técnica do lançamento da granada de mão cilíndrica ofensiva, modelo 1921, que tinha uma potencia explosiva de uma granada de artilharia 75mm Dorso.

O jovem Tenente Eugênio Nelson Ritzel que ao longo da sua permanência na BM levou para vida civil, a disciplina e a integridade moral com que fora forjado, sendo um exemplo de cidadão, político e administrador municipal, com quem tive o privilégio de servir e desfrutar da sua amizade. 


Fontes consultadas: 
Revista Alvorada, ano IV, dezembro de 1945.
Guia Para a Instrução Militar da Tropa – Maj. Ruy Santiago. Ed. 1944
Aplicações Militares – Cap.Mancio de Menezes (Bibl. De Cultura Militar ´Gr. De mão – Treinamento do Granadeiro. Ed. 1943
Manual do candidato a graduado – Cap. Waldyr Jansen de Mello – 18ªed. - 1956

sábado, 13 de julho de 2013

SERVIÇO DE AVIAÇÃO DA BRIGADA MILITAR




Esta foi uma grande novidade e que me surpreendeu. 

O Cel Massot comprou dois aviões Bréguet, como bem sabemos, com as siglas de BM 1 e BM 2, o segundo batizado com o nome de Livramento. 

No entanto com o auxílio do pesquisador Martin Bensmuller, aposentado da Varig, soube que o nº 2 foi um aparelho "Morane Saulnier", também Francês, que chegou a ser registrado na Brigada, mas que por motivos que não sabemos foi trocado pelo "Livramento", especula-se que tenha sido em razão de seu custo. 

Posto a foto desse avião, onde é visível no leme a inscrição BM 2.