terça-feira, 15 de novembro de 2011

ÁGUAS VASCULHADAS


BM fiscaliza com lancha - ZERO HORA 15/11/2011

A Brigada Militar lançou ontem à tarde uma nova modalidade de blitz em Porto Alegre. A bordo da lancha Baronesa do Gravataí, PMs do 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM) inauguraram a Operação Arquipélago, ofensiva contra a criminalidade no Guaíba e no entorno de suas ilhas.

Um grupo de PMs percorreu os contornos da Capital à beira do Guaíba. O patrulhamento visa a inibir bandidos a usar as águas como rota de fuga para abigeato, furto, roubo e tráfico de drogas. A lancha, adquirida por R$ 372 mil por meio de verba federal, é considerada o veículo mais adequado para chegar a locais de difícil acesso e a banhados das ilhas da Pintada, dos Marinheiros, Mauá e Pavão.

As blitze serão semanais, sem data e horário definidos. Mas, diariamente, uma equipe de PMs vasculha o Guaíba para marcar a presença da BM nas águas. Ontem, a lancha com quatro PMs sob o comando do capitão Valdeci Rocha atracou na Ilha da Pintada, sob saudação de moradores.

Os PMs desembarcaram na ilha, dando apoio a colegas e a agentes de trânsito que organizaram uma barreira na Rua Capitão Coelho. O grupo fiscalizou documentos pessoais de motoristas e de veículos, com objetivo de tirar de circulação foragidos, carros roubados, drogas e armas.

SOLIDARIEDADE - BRIGADIANOS SALVAM FILHO E MULHER DE DEPUTADO ACIDENTADO


PERDA NA POLÍTICA. PM relata como socorreu família de deputado Chicão. Um dos três policiais que prestaram auxílio no acidente diz que a mulher ajudou a retirar parlamentar - ZERO HORA 15/11/2011

Os três policiais militares que ajudaram a socorrer a família do deputado José Francisco Gorski (PP), 54 anos, morto em acidente de carro na madrugada de domingo, vão prestar depoimento hoje, em Santiago. Os sargentos da Brigada Militar Oneide Damian Maciel, João Luiz de Oliveira Morais e Nivaldo Figueiró Lemes, que se dirigiam a Santa Maria para trabalhar na segurança da 68ª Romaria da Medianeira, avistaram o Linea já com um princípio de incêndio, atravessado na pista.

– Ele estava desacordado. A mulher estava fora do carro, tentando retirá-lo, do lado da porta do carona – disse ontem Maciel a ZH(leia mais ao lado).

Com base em perícias preliminares, a Polícia Civil acredita que era Luciane da Silva, 33 anos, mulher do deputado, que dirigia o veículo. O acidente ocorreu na rodovia Santiago-Santa Maria (BR-287), na região central do Estado, quando Chicão, a mulher e o filho de três anos do casal se deslocavam de São Pedro do Sul para Santiago.

Em comunicação de ocorrência da Polícia Rodoviária Federal e em registro da Polícia Civil, constou a informação de que o condutor do carro era o deputado. Mas a versão mudou assim que o perito médico-legista Elizeu Batista Garcia fez exames no corpo de Chicão e em Luciane, que permanece internada no Hospital de Caridade.

– O médico-legista constatou que a marca do cinto de segurança no deputado é do cinto do carona. A marca na esposa é do cinto do motorista. Para nós, encerra qualquer indagação contrária a isso – afirmou o delegado João Carlos Brum Vaz, da Delegacia de Delitos de Trânsito de Santiago.

A polícia trabalhou ontem no local em que o carro colidiu com as árvores em busca de vestígios e informações para esclarecer o acidente.

– Pelos vestígios, pelas condições da pista, que são ótimas, e pela ausência de frenagem antes de o carro sair fora da pista, a gente faz a suposição de que a pessoa deva ter dormido. Como vai se esclarecer isso? Só ela pode dizer para nós – explicou o delegado.

Outro esclarecimento com a conclusão de exames é se Luciane e o deputado haviam ingerido álcool. O depoimento dela ocorrerá após a recuperação. Ontem à noite, ela permanecia internada em condições estáveis. O filho do casal saiu ileso. Ontem, após cortejo em carro de bombeiros, o corpo do deputado foi enterrado no Cemitério Municipal de Santiago.

“Fizemos os procedimentos sem saber que era um deputado”. Oneide Damian Maciel, sargento da Brigada Militar

Com 28 anos de Brigada Militar, o sargento Oneide Damian Maciel, 48 anos, morador de Bossoroca, relatou ontem os momentos iniciais do resgate à família de José Francisco Gorski. Na companhia de dois colegas, em viagem de trabalho a Santa Maria, Maciel acionou as equipes de socorro e tentou reanimar o deputado no acostamento da rodovia. Confira a síntese da entrevista, concedida por telefone.

Zero Hora – O casal ainda estava no veículo quando vocês chegaram?

Oneide Damian Maciel – Não. Ele estava desacordado. A mulher (Luciane da Silva) já estava fora do carro, tentando retirá-lo, do lado da porta do carona. Descemos imediatamente com o extintor. Quase conseguimos apagar o fogo. Se tivéssemos um outro extintor, ou um mais potente, talvez tivéssemos conseguido. Um de nós se preocupou em retirar a criança (Marcelo Gorski Neto, de três anos) do carro, outro em tentar apagar as chamas e outro em reanimar aquela pessoa desmaiada. Liguei para os bombeiros e para a Polícia Rodoviária Federal.

ZH – Luciane conseguiu tirá-lo do veículo?

Maciel – Com o nosso auxílio, sim. Foi só desvencilhá-lo do cinto. A gente se preocupou em ver qual era a situação, se ela estava ferida. Ela estava bastante nervosa, dizia: “Ele não está me respondendo, ele não me responde, o que será que houve?”. Aí, fomos fazer a massagem cardíaca para reanimá-lo. Um pouco fui eu, outro pouco foi o sargento Figueiró.

ZH – Você percebeu algum sinal de reação no deputado neste momento?

Maciel – Ele reagiu, a pulsação voltou. Levemente, deu para notar que o batimento cardíaco reanimou. Seguimos fazendo os procedimentos básicos, mas ele não respondeu mais aos estímulos.

ZH – Quando vocês chegaram, a criança continuava no banco de trás do carro?

Maciel – Já estava meio solta, pelo impacto. Ela se desvencilhou do cinto. Retiramos de perto do carro por causa do fogo. Explodir não explodiu, mas queimou todo.

ZH – Você já tinha socorrido vítimas de um acidente?

Maciel – Há uns 15 anos, socorri pessoas de um acidente com morte. Já tinha passado por essa situação, mas nunca envolvendo um parlamentar.

ZH – O senhor não reconheceu o deputado na hora?

Maciel – Não. Esses procedimentos todos, fizemos sem saber que se tratava de um deputado. Depois tentamos identificar a pessoa. Ela disse: “Ele é o Francisco Gorski”. “O deputado Chicão?”, eu disse. A gente fica surpreso por se tratar de uma pessoa conhecida aqui da região, com bastante eleitores em Bossoroca. Frequentemente, ele estava por aí. Tinha pessoas bem amigas nossas que trabalhavam para ele.